23/07/2015 – Sindsaude
Servidores da Saúde em greve distribuem Carta à População na Praça da Piedade
Fotos: Carlos Américo
Com o objetivo de chamar atenção da comunidade para a ampla pauta de reivindicações que motivou a greve por tempo indeterminado iniciada dia 17 de julho, os servidores estaduais da Saúde promoveram manifestação na Praça da Piedade, na manhã desta quarta-feira (22). Os trabalhadores distribuíram a Carta Aberta à População, assinada pelo Sindsaúde, esclarecendo que o movimento é pelo fortalecimento do SUS e pela melhoria das condições de trabalho e atendimento ao público.
“Os servidores de saúde enfrentam no dia a dia dos hospitais sobrecarga de trabalho, falta de material e medicamentos e equipamentos para a assistência à população. Hospitais superlotados devido à falta de vagas faz com que a população permaneça semanas aguardando uma vaga para internamento através do sistema de Regulação, muitas vezes vindo a falecer sem ter a chance de fazer o tratamento adequado”, diz o documento que revela a existência de uma grave crise no SUS.
Além dos dirigentes do sindicato, muitos grevistas se manifestaram em protesto contra o que chamaram de “política de desvalorização dos servidores”. Eles denunciaram a existência de uma “greve institucional” nos hospitais e demais unidades de saúde do Estado, com profissionais tendo que “improvisar para suprir a falta até mesmo de soro, água destilada e medicamentos básicos”. O movimento recebeu o apoio de representantes da CTB e do Sindicato dos Policiais Civis.
Escravidão
A vereadora Aladilce Souza, diretora do Sindsaúde, chamou atenção para o simbolismo da manifestação ocorrer na Praça da Piedade, onde estão os bustos dos heróis negros da Revolta dos Búzios: “Ó local não poderia ter sido melhor escolhido, pra lembrar que a escravidão acabou. E o governo precisa libertar os servidores dessa rotina de sobrecarga de trabalho, baixos salários, desrespeito à data base e precarização das condições de atendimento ao público”.
A diretora Inalba Fontenelle alertou para a ameaça do corte no adicional da insalubridade, que já foi efetivada para cerca de 1.500 servidores, atingir perto de 10 mil trabalhadores. “Isto foi colocado para o secretário Fábio Vilas-Boas na reunião do Conselho Estadual de Saúde, terça-feira (21), na presença de centenas de servidores, e ele não desmentiu”, observou. Ivanilda Brito, tesoureira do sindicato, frisou que até o momento a entidade não havia recebido nenhum documento formal da Sesab convidando para reabrir as negociações sobre a pauta específica da categoria, que não se resume ao corte do adicional de insalubridade.
A pauta, segundo ela, inclui vários itens fundamentais como a revisão da regionalização da Saúde de acordo com as discussões realizadas com os trabalhadores em cada Núcleo Regional de Saúde (antigas Dires); implantação imediata da progressão no PCCV do grupo Saúde e agilização das discussões para regulamentação da promoção; implantação de carreira para o grupo técnico administrativo; incorporação da Gratificação de Incentivo ao Desempenho (GID) ao salário base; fim da privatização; realização de concurso público e pagamento da URV.
Caminhada e assembléia
Em continuidade à greve o Sindsaúde divulgou novas atividades conjuntas programadas para esta semana, independentemente das mobilizações nas diversas unidades da capital e do interior. Nesta quinta-feira (23) haverá concentração em frente à sede da Sesab, no CAB, de onde os servidores sairão em caminhada até a Governadoria. Na sexta-feira, às 7h, manifestação no Hospital Geral do Estado, principal unidade de urgência e emergência do Estado. Em seguida, às 9h, haverá assembléia geral para avaliação do movimento e definição das próximas estratégias de luta, no auditório da Fundação Visconde de Cairu (Ladeira do Salete).