11/05/2016 – Bahia Notícias
Concha Acústica: Espetáculo cênico-musical promove encontro entre gerações
por Ailma Teixeira / Jamile Amine

Dentre as apresentações que marcam a primeira noite de shows do festival “Eu Sou A Concha”, que será realizado nesta sexta (13), na Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA), está o espetáculo Kindembu, formado por uma superbanda com representantes dos blocos afro de Salvador. Para esta apresentação, além da participação especial do Olodum, o Cortejo Afro recebe Márcia Castro; o Ilê Aiyê recebe Dão; o Afoxé Filhos de Gandhy recebe o grupo Tropical Selvagem; Muzenza convida Ellen Oléria; e o Male Debalê divide o palco com Larissa Luz. “Quando eu recebi o convite, eu fiquei feliz porque eu sempre quis ver a interação entre os blocos afros, num diálogo dessas entidades com artistas da cena contemporânea. Acho que é bem ousado, eu acho que isso dá um gás para a gente continuar seguindo nosso estilo, dá um brilho para o nosso caminho”, afirma Larissa, que se apresenta pela segunda vez na Concha. A primeira, a cantora lembra que foi há cerca de 10 anos no Festival de Música Universitária, onde apresentou “Céu de Tainha”, uma de suas composições autorais. Também não será a primeira vez que a cantora se apresenta com o Malê Debalê, com quem já tem uma afinidade, pois o grupo participou de um show dela no Pelourinho e Larissa já foi atração convidada da Noite da Beleza Negra. Na sexta (13), eles apresentam uma das canções do grupo e a faixa “Território Conquistado”, que dá título ao novo álbum de Larissa. “Foi criada uma versão porque a música não tem percussão nem harmonia, então foi bem inusitado. Foi um desafio para eles, segundo eles, mas eles arrasaram, fizeram uma versão percussiva da música que é totalmente eletrônica”, conta.
Larissa Luz é a convidada do Malê Debalê | Foto: Safira Moreira
Para Antônio Vovô, presidente do bloco Ilê Aiyê, essa apresentação leva um espetáculo já internacional a um novo público. “Esse espetáculo, dirigido por Elísio Lopes [diretor artístico do festival], que foi concebido pela Janela do Mundo, é muito bonito. Já mostramos aqui no TCA, já viajamos com ele e vai ser uma oportunidade de apresentar num espaço popular para as pessoas verem a junção dos blocos afros com outras vertentes”, comenta. A performance conjunta de todos os grupos terá cerca de 70 minutos. “Eu acho que vai ser uma troca de energia boa, artística, principalmente por ser na Concha, que é um lugar especial, onde se apresentou e se apresentam artistas que são referência pra gente e ao lado dessas entidades que carregam toda a nossa ancestralidade e de amigos queridos também, como Pedro Pondé e Dão”, afirma Larissa. Tanto a cantora quanto Vovô concordam quanto à importância do anfiteatro enquanto espaço cultural para a divulgação da música baiana. “Tem a cultura incrível e tem uma história também, então acho que a música da Bahia precisa de espaços para ser exibida, mostrada, apresentada. A Concha fez muita falta enquanto esteve fechada e está vindo num momento muito importante quando está surgindo uma nova cena musical na Bahia, com novos ritmos, novos artistas e eu acredito que quanto mais espaço a gente tiver para a cultura acontecer, melhor pra gente”, defende Larissa.
O espetáculo cênico-musical reúne Ilê Aiyê, Muzenza, Malê Debalê, Filhos de Gandhy e Cortejo Afro | Foto: Salvador Notícias
O Ilê, que nos últimos tempos têm denunciado uma crise por falta de investimento privado para a realização e manutenção dos projetos, vê na reinauguração a expectativa de que as atividades do bloco voltem a prosperar. “A dificuldade continua esse ano, foi muito mais difícil o Carnaval pelos cortes que teve nos patrocínios dos principais blocos, como um todo, mas os blocos afros sofreram muito e estão sofrendo, então essa reabertura da Concha cria uma expectativa muito grande para que as coisas voltem a melhorar”, ressalta o presidente. Com a agenda de shows no espaço já sendo montada, o grupo não descarta a possibilidade de reapresentar o espetáculo no anfiteatro em próximas datas. “Nós temos a expectativa de trazermos o espetáculo aqui para a Concha no verão, que a gente sabe que atrai muito público, principalmente pela localização, então nós estamos ansiosos para começar a abertura da análise das propostas porque vai ser uma alternativa muito grande para os blocos afros melhorarem sua situação”, revela Vovô. Esta primeira noite de shows, que contará ainda com apresentação de Maria Bethânia e participação de Margareth Menezes, artista que mais se apresentou na história do espaço (leia mais aqui), será exclusiva para convidados.