07/01/16 – A Tarde Online
Neto e Rui reeditam disputa, mas em outro cenário
Rodrigo Aguiar e Patrícia França
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Fernando Vivas l Ag. A TARDE l 27.02.2014
Governo do estado e prefeitura são responsáveis pela infraestrutura da folia
O embate entre o prefeito ACM Neto (DEM) e o governador Rui Costa (PT) em torno da ampliação do Carnaval pode levar a prefeitura a rever a programação da festa nos bairros [ler abaixo] e reedita o clima de disputa entre os dois gestores ocorrido em fevereiro de 2015.
No Carnaval do ano passado, pouco depois de assumir o governo, Rui se colocou contra a organização exclusiva da prefeitura e reivindicou um protagonismo do Estado na organização da festa.
Na terça, 5, no entanto, a queixa foi outra. Mencionando a crise, o governador reclamou que o prefeito não só aumentou o calendário da festa, como estendeu a folia para mais bairros.
Segundo Rui, não haveria policiais suficientes para fazer a segurança do Carnaval planejado pela prefeitura. “Eu não posso zerar, deixar uma cidade sem policiamento, só porque este ou aquele prefeito resolveu aumentar o Carnaval”, declaroui.
O governador argumentou ainda que investiria na festa deste ano R$ 90 milhões, o mesmo valor disponibilizado em 2015, de acordo com Rui Costa.
Carnaval nos bairros
A resposta de Neto veio nesta quarta, 6, durante entrevista à Rádio Metrópole. O prefeito afirmou que o governo estadual já sabia desde setembro do ano passado da programação da festa, por ter assento no Conselho do Carnaval, o que incluía a oficialização do Carnaval do Nordeste de Amaralina – que já ocorre tradicionalmente no bairro – além de ampliar a festa para São Caetano e Pau da Lima.
“Depois, a Saltur (empresa Salvador Turismo) informou à SSP (Secretaria de Segurança Pública) tudo que estava sendo planejado”, declarou o democrata.
Em seguida, incomodado com o que considerou uma “cobrança pública”, Neto jogou a responsabilidade no colo de Rui, ao dizer que não seria “irresponsável de fazer um evento público em qualquer lugar da cidade sem ter o policiamento”.
“Se o governador não quiser, basta dizer. Não tem problema. Se ele disser que não vai ter polícia, nós não fazemos”, disse o prefeito.
Financiamento
Sobre o financiamento da festa, Neto afirmou que a folia deverá custar para os cofres municipais metade do que será bancado pelos patrocinadores.
“A gente deve estar arrecadando de patrocínio perto de R$ 40 milhões para toda a estrutura da festa. A prefeitura arca com os serviços públicos, que eu calculo mais uns R$ 20 milhões”, declarou o democrata.
Folia nos bairros pode ser reduzida por falta de PMs
Desde dezembro, representantes da prefeitura de Salvador e do governo estadual têm se reunido para chegar a um entendimento sobre a realização do Carnaval nos bairros de Salvador.
A tensão aumentou nos últimos dias, com declarações do governador Rui Costa e do prefeito ACM Neto em uma prévia do tom que deverá marcar o ano eleitoral.
Possíveis mudanças
Entre as alternativas cogitadas para resolver o impasse do Carnaval, está o encurtamento dos dias de festa nas localidades do Nordeste de Amaralina, São Caetano e Pau da Lima.
No Nordeste de Amaralina, por exemplo, a festa seria realizada entre sábado e terça (e não entre quarta e quarta, como planejado atualmente).
Haveria ainda alguma possibilidade de cancelamento em São Caetano e Pau da Lima, mas interlocutores da prefeitura dizem que é “impossível recuar” no caso do Nordeste, já que o Carnaval já ocorria no bairro, com direito a blocos, mesmo sem oficialização.
Houve quem lembrasse que aliados de Rui – como o vereador Suíca (PT), ex-líder da oposição na Câmara – defenderam a oficialização do Carnaval no Nordeste de Amaralina ou em outros bairros da periferia.
em 06/01/2016