14/08/2015 – A Tarde Online
Antiga residência de Carlos Marighella será memorial
Yuri Silva
A casa em que o guerrilheiro comunista Carlos Marighella morou, na rua do Desterro, Baixa dos Sapateiros, entrará em um roteiro de locais importantes para a história que o governo estadual pretende proteger por meio de um registro especial.
Diante dos pedidos de tombamento do imóvel pela família de Marighella, o secretário da Cultura, Jorge Portugal, e o diretor do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), João Carlos Oliveira, decidiram inserir o local nessa espécie de “itinerário histórico”, que ainda inclui os fortes do Barbalho e de Santo Antônio.
Todas as construções que integram o projeto possuem relevância para as lutas por liberdade e democracia travadas no estado.
A ideia é reconhecer a importância simbólica dos espaços e transformá-los em memoriais, já que o casarão do guerrilheiro não possui méritos arquitetônicos para ser tombado, conforme explica Oliveira.
“Será um circuito de salvaguarda histórica e cultural, porque o registro do elemento imaterial é um instrumento mais adequado para esse caso do que o tombamento”, afirmou o arquiteto diretor do Ipac. “O objeto em si não tem importância histórica, mas a história que o envolve precisa de atenção”, pontuou.
Prazos
A previsão de Oliveira é que o dossiê com o pedido de registro seja enviado ao Conselho Estadual de Cultura no primeiro semestre de 2016.
O órgão colegiado é responsável por analisar as solicitações de proteção dos patrimônios materiais e imateriais da Bahia do Ipac. Depois da aprovação do conselho, o governador precisa sancionar a decisão.
Até lá, o advogado Carlos Augusto Marighella, filho do guerrilheiro, vai ficar bem ansioso. Nesta quinta-feria, 13, em entrevista ao A TARDE, ele se disse “muito emocionado” com a notícia. “Estou esperando um chamado do secretário (da Cultura, Jorge Portugal) para trocar ideia. Não vejo a hora de cumprimentá-lo pessoalmente pela iniciativa”, afirmou Carlinhos, como é conhecido.
Importância
Ele destacou a vontade antiga de transformar a famosa “casa do Desterro”, entre Nazaré e a Baixa dos Sapateiros, em um memorial com a história, os objetos, a produção intelectual e as fotos do pai. “Nós sempre entendemos que tinha que ser na Bahia, lugar que ele amava imensamente, na casinha em que ele morou”, disse.
Agora, o filho do guerrilheiro espera o reconhecimento da sua importância para a ordem democrática conquistada no país.
“Ele merece todas as homenagens pela luta que travou e pelo que representa. Acompanhei o processo de humilhação de meu pai, quando mentiam sobre a história dele, mas tudo ficou provado”, destacou. “Essa decisão vai marcar um tempo importante”, concluiu.
Em 13/08/2015